Clube de Colecionadores do MAM

Curador do Clube de Colecionadores do MAM, Marcelo Rosenbaum convida 5 designers para desenvolver peças exclusivas para o clube | Paulo Alves + Maurício Arruda + Rodrigo Ambrósio + Alfio Lisi + Ana Neute e Rafael Chvaicer

Em 2015, Marcelo Rosenbaum foi o curador do Clube de Colecionadores de Design do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Pela primeira vez o clube teve uma coleção comissionada pelo museu, inteiramente desenvolvida por uma comunidade, em um processo de imersão com os artesãos e designers. Os designers convidados para integrar o Clube de Design foram: Alfio Lisi, Mauricio Arruda, a dupla Ana e Rafael do Neute Chvaicer, Paulo Alves e Rodrigo Ambrósio. 

Os clubes de colecionadores foram criados para fomentar o colecionismo e incentivar a produção artística brasileira. A associação ao clube é anual e dá direito a cinco obras comissionadas pelo MAM para cada edição. As obras selecionadas pelos curadores foram produzidas em tiragens de 100 exemplares e entregues aos sócios dos clubes com certificado de autenticidade. Provas de artista de cada obra foram incorporadas à coleção do Museu de Arte Moderna.

MAURÍCIO ARRUDA

Nome da peça – RÉGUA GENEROSA
Medidas – 200x10cm
Material – palha de carnaúba trançada e borracha de pneu

Descritivo – Em Várzea Queimada as mulheres medem as tranças feitas com a palha da Carnaúba em braçadas e os homens usam os dedos para medir seus objetos feitos da borracha de pneu. Uma fita métrica ou uma régua é dividida por quase todos os artesões. Além das ferramentas, essa associação divide o orgulho de ter transformado o conhecimento ancestral em produtos de design que falam da essência do Brasil. Dividem as dores e os prazeres da vida no sertão do Piauí. Várzea é um povoado construído pela generosidade do seu povo. Nunca um produto é totalmente feito apenas por um artesão. Algumas trançam, outras costuram, outras arrematam, uns cortam, outros esculpem. Foi dessa grandeza d’alma que nasceu a Régua Generosa. Um objeto utilitário que fala de amor sem medida, feito à mão por Josemaria, Antonia, Josenildo e Solimar.

ANA NEUTE E RAFAEL CHVAICER

Nome da peça – MESTIÇO
Medidas -20 cm diâmetro x 25 cm altura
Material -borracha e palha

Descritivo – Cesto com base feita em borracha sólida e segue em um degradê de palha trançada com borracha.

PAULO ALVES

Nome da peça – MANDACARU
Medidas – 25 cm X 8 cm X 12 cm
Material -Borracha de pneu de trator

Descritivo – Cabides produzidos com o aproveitamento de pedaços de cravos de pneus de trator. A inspiração para o desenvolvimento das peças surgiu através da observação do trabalho dos artesãos locais que possuem destreza e grande habilidade em manusear o material utilizando ferramentas próprias desenvolvidas por eles. O trabalho com a borracha é essencialmente bruto e masculino, mas com movimentos minuciosos de lapidação ganha formas e texturas conferindo uma delicadeza impressionante. Esse contraste foi o que mais me impressionou e que procurei expressar nessas pequenas esculturas.

ALFIO LISI

Nome da peça – “SAI BODE”
Medidas -39x70cm
Material -galhos de canela-de-velho, folhas, cordão e esferas de borracha de pneu, varão de rosca ¼

Descritivo – Encantado com a beleza das cercas de galhos cruzados (canela-de-velho), muito comuns na região, uma forma muito simples e prática para evitar a entrada de bodes e cabras em locais onde se quer fazer hortas, galinheiros e manter os bichinhos que comem tudo, distantes. Com esta imagem forte na cabeça e a incrível habilidade dos artesãos locais em criar joias, objetos, sandálias – utilizando pneus velhos – não foi possível fugir disso. O Sai Bode pode ser um pendurador de coisas ou apenas um pequeno recorte deste local tão rico e encantador que é Várzea Queimada.

 

RODRIGO AMBRÓSIO

Nome da peça – CROÁ
Medidas – 36 cm x 28 cm
Material – cesto em palha de carnaúba e borracha de pneu

Descritivo – em Várzea Queimada os homens dedicam boa parte do seu tempo esculpindo peças em borracha de pneu reaproveitado e, as mulheres, tramando delicadas cestarias em palha de Carnaúba, fontes renováveis abundante na região. E foi a partir desta observação que criei o cesto ‘CROÁ’, referência à bromélia espinhenta e resistente típica da caatinga, conhecida entre os artesãos por este nome e usada para unir as tranças de palha. No cesto, as dez peças esculpidas em borracha tem forma de gota da chuva, unidas pelo fio da tela do pneu aludem aos dedos das mãos masculinas que abraçam a delicada cestaria criada por mãos femininas, momento em que os materiais contrastantes se encontram e os valores imateriais se fortalecem.

PROCESSO CRIATIVO

FICHA TÉCNICA

Designers
Alfio Lisi
Ana Neute E Rafael Chvaicer
Maurício Arruda
Rodrigo Ambrósio
Paulo Alves

Fotos e Filme
Diego Cagnato

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